segunda-feira, 9 de maio de 2011

Degradação no Ambiente e a Consequência na Saúde da População




Natalia Artigas & Rafaela Freitas

Acadêmicas do Curso de Ciências Biológicas – Disciplina de Biologia Econômica e Sanitária

O tema trabalhado nesse ensaio engloba a economia ecológica e ecologia política como subsídios para compreensão da saúde coletiva. O homem não é apenas um ser social, é também político. Levando isso em conta nasce à ecologia política com a junção da dependência da natureza, as transformações com seus prós e contras e a autonomia em todos os campos da sociedade com o “pensar globalmente, agir localmente”. Essa máxima emergiu nos anos 1970, juntando as relações entre a natureza e a política, a economia e o social. Como os recursos naturais usados estão em declínio, a economia ecológica surgiu para gerar uma nova acepção de que a natureza é mais importante, pois toda indústria depende dela, passando a aliar o desenvolvimento econômico com a preservação ambiental. Como elas ainda não são muito aplicadas, ocorre à exploração dos recursos naturais inconscientemente, afetando não só a natureza como também as populações.

A economia ecológica e a ecologia política contribuem para o desenvolvimento econômico, pois possuem um papel fundamental na saúde coletiva ao alertarem para a degradação sócio-ambiental que se agrava com o comércio ambiental. A inclusão de dimensões políticas, econômicas, culturais e ecológicas para resolver os problemas da saúde pública denomina-se ecossistêmica em saúde. A economia não deve apenas financiar a saúde e sim aproximar da economia internacional com as suas consequências éticas, políticas, ecológicas e sanitárias, também deve propor debates sobre as consequências negativas da globalização.

A economia ecológica busca novos referenciais para a sustentabilidade, produzidos por ecologistas juntamente com economistas. Um dos novos índices e indicadores de sustentabilidade é a pegada ecológica que visa melhorar o metabolismo social, a desmaterialização, degradação sócio-ambiental e instrumentos da política ambiental.

Um dos grandes instrumentos para indicar a sustentabilidade é o perfil metabólico de um país e uma das maneiras de se medir isso é pela perda de biodiversidade. Mas os produtos de consumo de países importadores, muitas vezes baratos demais causam danos ambientais nos países exportadores.

Os movimentos ambientalistas e sociais surgiram em meados dos anos 1980, a partir daí a ecologia política se fortaleceu. Sendo caracterizada por um campo de discussões teóricas e políticas que estuda os conflitos sócio-ambientais, auxiliando também os movimentos pela justiça ambiental a partir de analises de desigualdades em processos econômicos e sociais.

Há vários exemplos de conflitos sócio-ambientais como: os conflitos de distribuição ecológica que são ligados ao acesso a recursos e serviços naturais e aos danos causados pela poluição; os conflitos de extração dos materiais e da produção da energia utilizada concentrados nos países exportadores; descartes de rejeitos e a poluição, que também estão relacionados os aterros sanitários, a incineração de lixo e a exportação de lixo; e um dos mais recentes é o incentivo ao uso de oceanos, de florestas, do solo e da atmosfera para fins de sequestro de carbono. Todos esses tipos de conflitos podem estar relacionados em níveis locais, regionais ou até mesmo globais, isso se dá por causa das desigualdades no comércio nacional e internacional. E também podem estar relacionados com movimentos pela justiça ambiental.

A saúde pública está totalmente interligada com esses conflitos, as desigualdades econômicas e sociais existentes sempre acabam afetando a saúde da população. O desenvolvimento em certas regiões como na Amazônia, pode parecer produtivo e gerador de riquezas para certos empresários, porém ele pode ser prejudicial para a saúde dos ecossistemas e de vários grupos populacionais.

Os problemas locais e globais estão cada vez mais conectados, um exemplo é a extração desproporcional do petróleo, ela causa mais emissões de dióxido de carbono na atmosfera, mais isso não prejudica somente o local, também acaba prejudicando o global - por alterar as temperaturas climáticas que afetam o mundo todo. Portanto a saúde pública tem como finalidade fornecer indicadores relacionados à vida das populações que evitam os reducionismos ilusórios do progresso econômico. A sua interação com a economia ecológica e a ecologia política pode contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e democrática, cujos processos de desenvolvimento sejam sustentáveis.

Nós como graduandos do curso de Ciências Biológicas, sabemos que os estudos relacionados ao meio ambiente são muito importantes para a saúde pública, um ambiente que está degradado ou com muita concentração de lixo é um local inadequado para a sobrevivência de qualquer espécie até mesmo do ser humano, um grande exemplo são os aterros sanitários que prejudicam demais a saúde da população mais pobre. O exemplo mais recente relacionado à saúde pública é a dengue, que está afetando pessoas em todo o país.

Conversamos com uma aluna que está cursando enfermagem e ela nos disse que no curso existe sim uma matéria relacionada ao meio ambiente com muitos fatores relacionados à vida da população. Ela diz que estudar o meio ambiente está totalmente relacionado com a saúde da população e acha que apenas 36 horas não é suficiente para entender o ambiente como um todo, já que muitas doenças estão totalmente relacionadas. Para a aluna, o homem é quem causa a maioria das más condições no ambiente e é por isso que existem muitas destas doenças, não somente em níveis locais, mais também chegam a níveis globais, porém como os países ricos possuem muito mais recursos que os países pobres, a diferença não somente na cura, como também na prevenção dessas doenças, acaba sendo gigantesca. Ela finaliza dizendo que o homem visa muito mais o lucro e deixa de lado a saúde da população e também o meio ambiente.

Quando analisamos o currículo do curso de enfermagem, percebemos a existência de uma disciplina de Saúde e Meio Ambiente, durante apenas um semestre com duração de 36 horas. De acordo com professores que já ministraram essa matéria, ela não é o suficiente, mas é fundamental para se trabalhar com saúde coletiva e poder avaliar o impacto como todo. Para o professor todo profissional, não somente o enfermeiro deve conhecer o meio-ambiente, pois qualquer ação do homem vai impactá-lo. Principalmente para o profissional da saúde, uma vez que está totalmente ligada com o ambiente, pois para a promoção de ações para solução de problemas de saúde pública é preciso conhecer o ambiente, os animais, as pessoas que habitam e os profissionais do entorno. Essas doenças locais não estão somente ligadas às condições ambientais, mas também ao saneamento, aos hábitos de higiene dos moradores, a falta de cuidado, os desleixos delas e também a negligência das autoridades. Assim, os processos de desenvolvimentos econômicos e sociais são perigosos e podem afetar a saúde de todas as pessoas, pois preservam os ambientes que os interessam e o resto como não importam nem um pouco acabam degradando, fazendo com que muitas doenças endêmicas das florestas sejam liberadas e que milhões de pessoas sofram essas e outras consequências.

Esse ensaio foi baseado na obra: PORTO, Marcelo Firpo e ALIER, Joan Martinez. Ecologia política, economia ecológica e saúde coletiva: interfaces para a sustentabilidade do desenvolvimento e para a promoção da saúde. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 23. 2007. http://www.scielo.br/pdf/csp/v23s4/03.pdf

Sugestão de Vídeos

Este vídeo mostra uma entrevista realizada pela Marília Gabriela com o Ecoeconomista Hugo Penteado, ele é especialista em Sustentabilidade e autor do livro “Ecoeconomia – uma nova abordagem”. Na entrevista eles comentam um pouco sobre natureza, pessoas, lucro, etc.

Economia e Meio ambiente, este é o assunto abordado no vídeo, ele mostra como ainda existem lugares bonitos na natureza, mais que com as ações do homem as consequências serão gigantescas.

· http://www.youtube.com/watch?v=QomyEdDal-c&feature=related

O seguinte vídeo é uma palestra do Leonardo Boff na Universidade de Brasília sobre a ecologia e a política, ele fala sobre o mundo atual em que vivemos e onde podemos ir parar se não mudarmos nossos hábitos.

· http://www.youtube.com/watch?v=16_4QUXkS7Y

Esse vídeo é uma conversa com o médico Paulo Saldiva, ele explica algumas condições ambientais que afetam a saúde da população de São Paulo, o que não é tão diferente da nossa situação aqui no Paraná, este vídeo está relacionado com a entrevista que foi realizada pelo grupo, com o professor e o aluno do curso de enfermagem.

· http://vimeo.com/12445593

!sso não é Normal - Paulo Saldiva from !sso não é Normal on Vimeo.

Esse vídeo é sobre a 1° Conferência de Saúde Ambiental do Paraná que aconteceu no final do ano passado. Ele mostra depoimentos de algumas pessoas importantes que participaram.http://www.youtube.com/watch?v=zZGMYShXm8U


Instituto Ambiente em Movimento - PROJETO ROBIN HOOD

Importância da Ética para a Preservação do Meio Ambiente

Marilyn Verônica de Farias, Priscilla C. Knabben Ávila & Roberta Carvalho Nadai

Graduandas do Curso De Ciências Biológicas – Disciplina de Biologia Econômica e Sanitária.

A preocupação com a relação homem/natureza passou a dar seus primeiros sinais a partir do momento em que surgiu o novo mundo, ou seja, quando a sociedade deixou de ser agrícola artesanal e passou para o urbano industrial. A partir dessa transição, surgiu o processo de globalização, em que o homem comercializou os sistemas que estavam à disposição de todos, resultando em injustiças sociais e econômicas. Desde os tempos bíblicos a natureza e o homem são apresentados como um sistema, representado pela ordem de Deus para o homem reinar e dominar sobre os animais e árvores frutíferas. Em um primeiro momento, a criação foi doada para todos os homens para que pudessem crescer e se multiplicar em perfeita harmonia. Porém desde o Antigo Testamento ocorreram guerras e lutas pela conquista de terras, ou seja, o que era dádiva, o homem transformou em propriedade.

A chegada do europeu ao continente americano promoveu o desequilíbrio sistêmico entre o índio e a natureza. A utilização da mão-de-obra escrava gerou um genocídio racial, e com isso, muitas injustiças sociais que reúnem em um único ecossistema urbano luxo, miséria e lixo.

O teólogo Leonardo Boff fala de Francisco de Assis - diácono italiano fundador da ordem Franciscana - que abandonou toda a sua riqueza para viver com os pobres, pois amava a simplicidade e a natureza. Escreveu o Cântico ao Irmão Sol, um grito ecológico onde expressa a verdadeira gratidão do homem à natureza, por sua beleza e grandeza, deixando como exemplo que quando o homem não deixa que as “instâncias econômicas” ditem os rumos de sua vida, ele poderá viver em um mundo de paz e de verdadeira harmonia.

A filosofia medieval ostentou duas ramificações principais: a patrística e a escolástica. A primeira surgiu no séc. III tinha a preocupação principal de relacionar fé e ciência, a natureza de Deus e da alma e a vida moral. A escolástica é a especulação da fé e a razão e desenvolveu-se no séc. IX. Do sec. XIV em diante a escola escolástica cedeu lugar a posturas dogmáticas, contrárias à reflexão, onde o que estava escrito era o certo e ponto final. Toda essa corrida através dos tempos mostra a perspectiva religiosa e filosófica entre homem/Deus, natureza/Deus e ciência/fé. Com isso a visão antropocêntrica do mundo foi sendo desmascarada com tantos questionamentos religiosos e filosóficos. O humanista Erasmo de Rotterdam aponta a arrogância do homem de querer saber tudo e tudo poder. Ele nos ajuda a compreender que nem só o homem é senhor da natureza, a natureza por si própria tem direitos por si mesma. Ela tem direito à própria vida e à intocabilidade, por fornecer toda a função vital de manter o equilíbrio do sistema, e a manutenção da continuidade da vida ao fornecer os insumos e recursos à própria vida. Mas o homem não respeita esse direito da natureza, pelo contrário, continua a explorar a vida para a sua própria satisfação e bem-estar. Como acontece quando cavalos e bois são humilhados em rodeios, quando galos de briga se auto-destroem nas rinhas para as apostas humanas ou quando o caranguejo, siri, lagosta, são cozidos vivos. O professor Luc Ferry defende a Ecologia Profunda em suas pesquisas resgatando antigos processos em que a natureza era defendida por advogados, alertando possui os mesmos direitos que o homem. Quando o homem surgiu no planeta encontrou o universo em perfeita harmonia, dessa forma, a ecologia profunda procura fazer o homem entender que se alguém está colocando o sistema em risco é ele mesmo. Para complementar esse raciocínio da ecologia profunda, o físico Fritjof Capra aponta um novo paradigma baseado no ecocentrismo. Trata-se de uma relação de “rede”, a rede sistêmica da vida, onde todos são iguais diante da vida, não existindo hierarquias mais sim a igualdade, a responsabilidade comum pela preservação da vida. Surge assim, um novo modo de ver o mundo, que concebe o mundo como um todo integrado, holístico e ecológico. O termo “ecologia profunda” foi utilizado no início da década de 70 pelo filosofo Arne Naess, significando, hoje, um movimento mundial que está na raiz do ativismo radical de entidades como Greenpeace e Earth first. O pai da Ecologia Profunda Aldo Leopold vê o mundo como uma rede de fenômenos que estão interconectados e são interdependentes. Dessa forma, a natureza é sujeito da vida, não objeto. A grande questão é como mudar a visão antropocêntrica do mundo se não buscarmos uma consciência ética em nossos comportamentos?

Há dois caminhos a seguir para induzir um comportamento ético. O primeiro é a educação – não só no ambiente escolar, mas ao nível de cidadania. O segundo é a advertência – através de uma legislação rígida, coerente, pertinente, aplicável e funcional. A partir do séc. XVIII, o conceito de ético passa a ser visto como “a maior felicidade possível do maior número possível de homens”. Estudiosos e filósofos defendem o pressuposto ético como o único capaz de mover o comportamento humano para um estágio superior de relacionamento com o meio natural e com o próprio homem. A ética não apenas dita o comportamento do homem, mas traça caminhos para que o homem possa realizar-se na humanidade. Com a vida humana ameaçada na terra, a ecologia e a ética encontram-se diante de um imenso desafio: o que fazer para possibilitar a continuidade da vida sobre o planeta?

O professor de Ética e Teologia Moral, na pós-graduação da PUC- Rio, Antônio Moser propõe uma nova sociedade segundo um programa de quatro pontos: 1. Abandono da civilização do desperdício; 2. Mais justa distribuição dos recursos humanos; 3. Atenção central à produção de alimentos; 4. Ação global contra a miséria e a fome.

Se considerarmos estética como sinônimo do belo, não podemos assim avaliar como belo o desencontro do mundo moderno nos seus mais diferentes aspectos, seja o social, o econômico, o cultural ou qualquer outro. A aplicação do paradigma estético nos ajuda a transformar a realidade de acordo com os desejos humanos. De acordo com um graduando de filosofia - entrevistado pela equipe - não há disciplinas no curso que sejam voltadas para a área da ecologia, nem que a aborde a natureza de alguma forma. Ele completa que para a formação deles não há necessidade de ser inclusa tal disciplina, pois não faz falta para a sua formação.

Nesse trabalho nós graduandos do curso de ciências biológicas levantamos alguns pontos sobre a relação homem com a natureza. Acreditamos que a preservação da natureza deve ser praticada em função dela mesma e não do homem em si, através da aceitação do outro, do respeito e da revalorização da ética. Se tivermos uma formação ética adequada, poderemos consumir sem provocar a injustiça social e os direitos dos outros, e assim, proporcionar um mundo mais sustentável. Porém, essa visão ecológica sobre nosso comportamento não está inclusa no comportamento de todos, como vimos na entrevista com o graduando ao demonstrar sua indiferença sobre esse assunto. Isso nos revela que, devemos ter uma preocupação mais abrangente sobre como educar e conscientizar as pessoas, independente do nível de escolarização e tão pouco social, sobre os aspectos da ética na preservação do meio ambiente.

O presente ensaio foi baseado no artigo: de Pedro Celso Campos - Ecologia Humana O pressuposto da Ética na preservação do Meio Ambiente –. http://www.razonypalabra.org.mx/libros/libros/ecologiaetica.pdf

Sugestão de Vídeos

· O vídeo mostra uma conversa com Leonardo Boff sobre Ética e Ecologia, um desafio do século XXI.

http://www.youtube.com/watch?v=-TU9BmDbcZw


· Nesse vídeo Leonardo Boff mostra a importância da ecologia mental, a relação mais íntima do ser humano com a natureza.

http://www.youtube.com/watch?v=enEP1ZIEybs&feature=related

· Vídeo sobre o Earth Day para darmos uma mão ao planeta.

http://www.youtube.com/watch?v=Ep9MFiWXR8M


· O vídeo aborda as mudanças feitas no planeta.

http://www.youtube.com/watch?v=qd11vBPiVh0


· O vídeo aborda sobre a ecologia profunda, onde a natureza é vista como sujeito e não como objeto:

http://www.youtube.com/watch?v=UCzqhfppKYo&NR=1