quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Animais de interesse médico: Morcegos



Série Ensaios: Ecologia Urbana


Keila Renê Bastos e Thaís Patrícia Lopes

Acadêmicas do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas

 
A Raiva é uma antropozoonose comum ao homem e aos animais, principalmente, aos mamíferos, é provocada por um vírus contido na saliva de animais infectados, ocasiona uma encefalite aguda e progressiva, causada por um RNA vírus da família Rhabdoviridae. Esta zoonose é transmitida ao homem, principalmente, em geral por mordida de animais infectados, mas também há casos da transmissão por arranhões ou lambeduras de mucosas ou pele (KOTAIT et,. 1996). Na década de 1980, a raiva de origem canina era endêmica na América Latina, mas através de inúmeras ações estratégicas foi obtido êxito na modificação desta situação, assim, como consequência da redução dos casos de raiva canina, houve a redução desta mesma doença em humanos (KOTAIT et al., 1996). Os Quiróptera (hematófagos ou não) já ocupam o segundo lugar quanto à transmissão da raiva ao homem, sendo superados apenas pelos Carnivora. A raiva silvestre assumiu maior importância também devido aos hábitos sinantrópicos destes animais, que alcançaram as áreas urbanas e de transição, em consequência da maior oferta de alimentos existente nestas áreas e ao impacto ambiental provocado pela ação humana em seus habitats naturais (SCHNEIDER et al., 1996). O conhecimento das pessoas expostas ao risco é escasso. Em áreas onde a quantia de animais é escassa, o morcego hematófago podem vir a utilizar humanos como fonte de alimento. Esse fato vem ocorrendo devido a interferência do ser humano no ambiente, provocando modificações no equilíbrio deste (KOTAIT et al, 1996) (SCHNEIDER et al, 1996). Com o controle da circulação do vírus rábico nas espécies canina e felina a preocupação atual se volta para os contatos com quirópteros, demais mamíferos selvagens e casos suspeitos e confirmados em animais de produção. No Paraná, em média 80 notificações de contatos por quirópteros são registradas por ano. A capacidade de voo dá aos morcegos uma maior capacidade de dispersão do vírus da raiva. Os morcegos foram a principal fonte de infecção da raiva na América do Norte e no Chile, até 2004. A partir de 2004-2005 foi, também, fonte de infecção na América Latina e em todo o mundo (KOTAIT et al, 1996). Nesse trabalho, gostaríamos de por alguns mapas sobre a Raiva no Brasil nos anos de 2010 à 2013, mas no site da Saúde do Governo Federal não estão dispostos tais materiais, apesar de existir tal página. Recentemente aconteceu um caso urbano envolvendo quiróptero no Zoológico de Curitiba. Um pequeno morcego não-hematófago fora encontrado caído próximo as jaulas dos chimpanzés por um homem que o levou até a administração do zoológico. A mídia postou algumas reportagens sobre o ocorrido, preocupada com a saúde desse homem. A Prefeitura de Piraquara postou no ano de 2013, algumas notícias sobre o cuidado com essa doença e com os vetores dela. Dentre as zoonoses, a raiva continua sendo um dos grandes problemas relativos à saúde animal e saúde pública, não só em nosso país, como em grande parte do mundo. A epidemiologia da raiva em morcegos merece atenção das instituições governamentais e pesquisadores, objetivando introduzir estratégias que permitam controlar a ocorrência da raiva entre os animais silvestres e, se possível, eliminar a doença, espécie por espécie, estabelecendo uma vigilância epidemiológica coordenada e, cada vez mais, com procedimentos de diagnóstico laboratorial que permitam a realização de estudos integrados de genética e ecologia, para o conhecimento da dinâmica da raiva no meio silvestre (ALMEIDA, 2009) (KOTAIT; TAKAOKA, 2009) (SCHNEIDER et al, 1996). Os morcegos são importantes, pois controlam pragas agrícolas e florestais contribuindo para um menor uso de pesticidas na agricultura e são os mais importantes predadores de insetos noturnos voadores e como são portadores silvestres da doença, não se pode fazer um controle extremo desse animal (além de não ser indicado e correto), cabe os Municípios em parceria com o Estado promover uma campanha de conscientização para os outros vetores da Raiva assim como fizeram para a Raiva Canina/Felina, pois não é só de cães e gatos que o Homem pode obter a Raiva.

 O presente Ensaio foi elaborado para a Disciplina de Biologia Econômica e Sanitária, tendo se baseado nas seguintes obras:

ALMEIDA, Maria Angelica Zollin. Manual de Zoonoses. 2009. Disponível em: <http://www.zoonoses.org.br/absoluto/midia/imagens/zoonoses/arquivos_1258561628/5917_manual_zoonoses_2009_11_04(baixa).pdf>. Acesso em: 25 set. 2014.

KOTAIT, Ivanete; CARRIERI, Maria Luiza; CARNIELI-JÚNIOR, Júnior; CASTILHO, Juliana Galera; OLIVEIRA, Rafael de Novaes; MACEDO, Carla Isabel; FERREIRA, Karin Corrêa Scheffer; ACHKAR, Samira. Reservatórios Silvestres do Vírus da Raiva: Um Desafio para a Saúde Pública. Disponível em: <http://periodicos.ses.sp.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-42722007000400001&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 25 set. 2014.

KOTAIT, Ivanete. CARRIERI, Maria Luiza; TAKAOKA, Neide Yumi. Raiva – Aspectos Gerais e Clínicos. 2009. Disponível em: <http://www.saude.sp.gov.br/resources/instituto-pasteur/pdf/manuais/manual_08.pdf>. Acesso em: 25 set. 2014.

SCHNEIDER, M. C.; ALMEIDA, G. A.; SOUZA, L. M.; MORARES, N. B.; DIAZ, R. C. Controle da raiva no Brasil de 1980 a 1990. Revista de Saúde Pública, São Paulo, v.30, n.2. 1996.

WADA, Marcelo Yoshito; ROCHA, Silene Manrique; MAIA-ELKHOURY, Ana Nilce Silveira. Situação da Raiva no Brasil, 2000 a 2009. 2010. Disponível em: <http://scielo.iec.pa.gov.br/pdf/ess/v20n4/v20n4a10.pdf>. Acesso em: 05 nov. 2014.

 

MATERIAL DE APOIO

Guia de Manejo e Controle de Morcegos:




 

Folders sobre Raiva em Morcegos e outros Animais: