Série Ensaios: Ecologia urbana
Por Deise Maira de
Almeida Mendes e Tatiane da Paixão Bornatto
Acadêmicas do Curso de
Ciências Biológicas
Os Bioindicadores são utilizados para
verificação da qualidade da água ou a magnitudes de impactos ambientais, que vêm
ocorrendo no ecossistema aquático. Os bioindicadores são espécies ou
comunidades biológicas que indicam a condição ambiental, sendo os organismos
mais utilizados como bioindicadores aquáticos os macroinvertebrados
bentônicos, pois habitam em meio aquáticos por pelo menos uma parte de sua
vida. Os macroinvertebrados bentônicos têm sido amplamente utilizados como
bioindicadores de qualidade de água e saúde de ecossistemas por apresentarem
ciclo de vida longo, se comparado com os organismos do plâncton que em geral
tem ciclo de vida em torno de horas, dias ou até mesmo semanas. Já os
macroinvertebrados bentônicos podem viver entre semanas, meses e há também
alguns que vivem cerca de um ano.
O biomonitoramento - feito através do uso
macroinvertebrados bentônicos (Macroinvertebrados
Bentônicos - Projeto Manuelzão) como bioindicadores - é cada vez mais usado e aceito
como uma importante ferramenta na avaliação da qualidade da água, embora ainda
haja carência no conhecimento taxonômico da fauna brasileira, o que dificulta o
desenvolvimento e a aplicação desta técnica
pelos órgãos ambientais. Uma espécie de bioindicador utilizada no Brasil é mexilhão
dourado, causador de alguns problemas
ambientas. Os ambientes aquáticos apresentam uma vulnerabilidade
maior às espécies exóticas. O molusco bivalve da família Mytilidae: Limnoperna
fortunei, é uma espécie exótica que apresenta fácil adaptação e
ocupação nesses ecossistemas, como ocorreu na Bacia do Prata
na América Latina. Trata-se de um organismo bentônico comumente encontrado no
Rio Paraná, uma espécie invasora que apresenta altas taxas de reprodução.
Apresenta comprimento médio que varia entre 3 e 4cm e, geralmente é encontrado
fixado a substratos duros, naturais ou artificiais. A espécie Limnoperna
fortunei é nativa de rios e arroios chineses e do sudoeste asiático. Mas,
em 1991, espécimes de L. fortunei foram detectados pela primeira vez no
estuário do Rio da Prata a introdução da espécie se deu através da água de
lastros de navios provenientes de Hong Kong ou da Coréia nos portos do estuário
do Rio da Prata.
![](http://img.socioambiental.org/d/689773-2/mexilhao.jpg)
A
introdução de uma espécie exótica pode ser intencional ou acidental. Na maior
parte das vezes, a introdução intencional acontece por razões econômicas, seja
pela utilização da espécie em sistemas de produção, como alimento, ou com
interesses florestais e/ou ornamentais. A introdução não intencional acontece
pela modificação de hábitats (através de abertura de canais de irrigação, por
exemplo), por transporte humano (navegação) ou quando a espécie é trazida para
cumprir um determinado objetivo, como agentes controladores de pragas em
programas de controle biológico.
Dentre
os prejuízos causados pelo mexilhão-dourado podemos citar:
-Destruição da vegetação aquática;
- Ocupação do espaço e disputa por alimento
com os moluscos nativos;
- Prejuízos à pesca, já que a diminuição dos moluscos nativos diminui o
alimento dos peixes;
-Entupimento de canos e dutos de água, esgoto e irrigação;
-Entupimento de sistemas de tomada de água para geração de energia elétrica,
causando interrupções frequentes para limpeza e encarecendo a produção;
- Prejuízos à navegação, com o comprometimento de bóias e trapiches e de
motores e estruturas das embarcações.
Para mitigar os problemas provocados por estes
moluscos foi estruturado o Programa de pesquisa para controle do mexilhão
dourado nas águas jurisdicionais Brasileiras. Este programa objetiva avaliar os
impactos ecológicos e econômicos causados pela introdução do mexilhão dourado
no Brasil e propor ações para minimizar a dispersão destas espécies pelo
território nacional Está composto de cinco subprojetos com temas e objetivos
específicos, tendo o Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira – IEAPM como instituição central.
Para nós acadêmicas de Biologia, o uso desse
tipo de bioindicador (Mexilhão Dourado), poderia ser substituído pelo uso de
macroinvertebrados nativos, que se encaixem nos critérios de um bom bioindicador. Somos contra o uso do
mexilhão dourado como bioindicador, devido aos vários problemas que ele pode
causar tanto para espécies nativas quanto para o meio onde ele habita, já que é
uma espécie invasora.
O presente ensaio foi elaborado
para a disciplina se Biologia Econômica e Sanitária tendo se baseado nas seguintes obras:
IBAMA: Mexilhão Dourado. Disponível em: <http://www.ibama.gov.br/areas-tematicas/mexilhao-dourado
-AGUSTINI. M. A. B.; MUCELIN. C. A.
Mexilhões dourado como bioindicadores da qualidade hídrica do
reservatório