Série
Ensaios: Ecologia Urbana
Keila Renê Bastos
e Thaís Patrícia Lopes
Acadêmicas
do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas
A Raiva é uma antropozoonose comum ao homem e
aos animais, principalmente, aos mamíferos, é provocada por um vírus contido na
saliva de animais infectados, ocasiona uma encefalite aguda e
progressiva,
causada por um RNA vírus da família Rhabdoviridae. Esta zoonose é
transmitida ao homem, principalmente, em geral por mordida de animais
infectados, mas também há casos da transmissão por arranhões ou lambeduras de
mucosas ou pele (KOTAIT et,. 1996). Na década de 1980, a raiva de origem
canina
era endêmica na América Latina, mas através de inúmeras ações estratégicas foi
obtido êxito na modificação desta situação, assim, como consequência da redução
dos casos de raiva canina, houve a redução desta mesma doença em humanos
(KOTAIT et al., 1996). Os Quiróptera (hematófagos ou não) já ocupam o segundo
lugar quanto à transmissão da raiva ao homem, sendo superados apenas pelos
Carnivora. A raiva silvestre assumiu maior importância também devido aos hábitos
sinantrópicos
destes animais, que alcançaram as áreas urbanas e de transição, em consequência
da maior oferta de alimentos existente nestas áreas e ao impacto ambiental
provocado pela ação humana em seus habitats naturais (SCHNEIDER et al., 1996). O
conhecimento das pessoas expostas ao risco é escasso. Em áreas onde a quantia
de animais é escassa, o morcego hematófago podem vir a utilizar humanos como
fonte de alimento. Esse fato vem ocorrendo devido a interferência do ser humano
no ambiente, provocando modificações no equilíbrio deste (KOTAIT et al, 1996)
(SCHNEIDER et al, 1996). Com o controle da circulação do vírus rábico nas
espécies canina e felina a preocupação atual se volta para os contatos com
quirópteros, demais mamíferos selvagens e casos suspeitos e confirmados em
animais de produção. No Paraná, em média 80 notificações de contatos por quirópteros
são registradas por ano. A capacidade de voo dá aos morcegos uma maior
capacidade de dispersão do vírus da raiva. Os morcegos foram a principal fonte
de infecção da raiva na América do Norte e no Chile, até 2004. A partir de
2004-2005 foi, também, fonte de infecção na América Latina e em todo o mundo
(KOTAIT et al, 1996). Nesse trabalho, gostaríamos de por alguns mapas sobre a
Raiva no Brasil nos anos de 2010 à 2013, mas no site da Saúde do Governo
Federal não estão dispostos tais materiais, apesar de existir
tal página.
Recentemente aconteceu um caso urbano envolvendo quiróptero no Zoológico de
Curitiba. Um pequeno morcego não-hematófago fora encontrado caído próximo as
jaulas dos chimpanzés por um homem que o levou até a administração do
zoológico.
A mídia postou algumas reportagens sobre o ocorrido, preocupada com a
saúde desse homem.
A Prefeitura de
Piraquara
postou no ano de 2013, algumas notícias sobre o cuidado com essa
doença e com os vetores dela. Dentre as zoonoses, a raiva continua
sendo um dos grandes problemas relativos à saúde animal e saúde pública, não só
em nosso país, como em grande parte do mundo. A epidemiologia da raiva em
morcegos merece atenção das instituições governamentais e pesquisadores,
objetivando introduzir estratégias que permitam controlar a ocorrência da raiva
entre os animais silvestres e, se possível, eliminar a doença, espécie por
espécie, estabelecendo uma vigilância epidemiológica coordenada e, cada vez
mais, com procedimentos de diagnóstico laboratorial que permitam a realização
de estudos integrados de genética e ecologia, para o conhecimento da dinâmica
da raiva no meio silvestre (ALMEIDA, 2009) (KOTAIT; TAKAOKA, 2009) (SCHNEIDER
et al, 1996). Os morcegos são importantes, pois controlam pragas agrícolas e
florestais contribuindo para um menor uso de pesticidas na agricultura e são os
mais importantes predadores de insetos noturnos voadores e como são portadores
silvestres da doença, não se pode fazer um controle extremo desse animal (além
de não ser indicado e correto), cabe os Municípios em parceria com o Estado
promover uma campanha de conscientização para os outros vetores da Raiva assim
como fizeram para a Raiva Canina/Felina, pois não é só de cães e gatos que o
Homem pode obter a Raiva.
ALMEIDA,
Maria Angelica Zollin. Manual de
Zoonoses. 2009. Disponível em: <http://www.zoonoses.org.br/absoluto/midia/imagens/zoonoses/arquivos_1258561628/5917_manual_zoonoses_2009_11_04(baixa).pdf>. Acesso em:
25 set. 2014.
KOTAIT,
Ivanete; CARRIERI, Maria Luiza; CARNIELI-JÚNIOR, Júnior; CASTILHO, Juliana
Galera; OLIVEIRA, Rafael de Novaes; MACEDO, Carla Isabel; FERREIRA, Karin
Corrêa Scheffer; ACHKAR, Samira. Reservatórios
Silvestres do Vírus da Raiva: Um Desafio para a Saúde Pública. Disponível
em: <http://periodicos.ses.sp.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-42722007000400001&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em:
25 set. 2014.
KOTAIT,
Ivanete. CARRIERI, Maria Luiza; TAKAOKA, Neide Yumi. Raiva – Aspectos Gerais e Clínicos. 2009. Disponível em: <http://www.saude.sp.gov.br/resources/instituto-pasteur/pdf/manuais/manual_08.pdf>. Acesso em:
25 set. 2014.
SCHNEIDER,
M. C.; ALMEIDA, G. A.; SOUZA, L. M.; MORARES, N. B.; DIAZ, R. C. Controle da raiva no Brasil de 1980 a 1990.
Revista de Saúde Pública, São Paulo, v.30, n.2. 1996.
WADA,
Marcelo Yoshito; ROCHA, Silene Manrique; MAIA-ELKHOURY, Ana Nilce Silveira. Situação da Raiva no Brasil, 2000 a 2009. 2010.
Disponível em: <http://scielo.iec.pa.gov.br/pdf/ess/v20n4/v20n4a10.pdf>. Acesso em:
05 nov. 2014.
MATERIAL DE APOIO
Guia de Manejo e
Controle de Morcegos:
Folders sobre
Raiva em Morcegos e outros Animais:
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