segunda-feira, 9 de maio de 2011

Importância da Ética para a Preservação do Meio Ambiente

Marilyn Verônica de Farias, Priscilla C. Knabben Ávila & Roberta Carvalho Nadai

Graduandas do Curso De Ciências Biológicas – Disciplina de Biologia Econômica e Sanitária.

A preocupação com a relação homem/natureza passou a dar seus primeiros sinais a partir do momento em que surgiu o novo mundo, ou seja, quando a sociedade deixou de ser agrícola artesanal e passou para o urbano industrial. A partir dessa transição, surgiu o processo de globalização, em que o homem comercializou os sistemas que estavam à disposição de todos, resultando em injustiças sociais e econômicas. Desde os tempos bíblicos a natureza e o homem são apresentados como um sistema, representado pela ordem de Deus para o homem reinar e dominar sobre os animais e árvores frutíferas. Em um primeiro momento, a criação foi doada para todos os homens para que pudessem crescer e se multiplicar em perfeita harmonia. Porém desde o Antigo Testamento ocorreram guerras e lutas pela conquista de terras, ou seja, o que era dádiva, o homem transformou em propriedade.

A chegada do europeu ao continente americano promoveu o desequilíbrio sistêmico entre o índio e a natureza. A utilização da mão-de-obra escrava gerou um genocídio racial, e com isso, muitas injustiças sociais que reúnem em um único ecossistema urbano luxo, miséria e lixo.

O teólogo Leonardo Boff fala de Francisco de Assis - diácono italiano fundador da ordem Franciscana - que abandonou toda a sua riqueza para viver com os pobres, pois amava a simplicidade e a natureza. Escreveu o Cântico ao Irmão Sol, um grito ecológico onde expressa a verdadeira gratidão do homem à natureza, por sua beleza e grandeza, deixando como exemplo que quando o homem não deixa que as “instâncias econômicas” ditem os rumos de sua vida, ele poderá viver em um mundo de paz e de verdadeira harmonia.

A filosofia medieval ostentou duas ramificações principais: a patrística e a escolástica. A primeira surgiu no séc. III tinha a preocupação principal de relacionar fé e ciência, a natureza de Deus e da alma e a vida moral. A escolástica é a especulação da fé e a razão e desenvolveu-se no séc. IX. Do sec. XIV em diante a escola escolástica cedeu lugar a posturas dogmáticas, contrárias à reflexão, onde o que estava escrito era o certo e ponto final. Toda essa corrida através dos tempos mostra a perspectiva religiosa e filosófica entre homem/Deus, natureza/Deus e ciência/fé. Com isso a visão antropocêntrica do mundo foi sendo desmascarada com tantos questionamentos religiosos e filosóficos. O humanista Erasmo de Rotterdam aponta a arrogância do homem de querer saber tudo e tudo poder. Ele nos ajuda a compreender que nem só o homem é senhor da natureza, a natureza por si própria tem direitos por si mesma. Ela tem direito à própria vida e à intocabilidade, por fornecer toda a função vital de manter o equilíbrio do sistema, e a manutenção da continuidade da vida ao fornecer os insumos e recursos à própria vida. Mas o homem não respeita esse direito da natureza, pelo contrário, continua a explorar a vida para a sua própria satisfação e bem-estar. Como acontece quando cavalos e bois são humilhados em rodeios, quando galos de briga se auto-destroem nas rinhas para as apostas humanas ou quando o caranguejo, siri, lagosta, são cozidos vivos. O professor Luc Ferry defende a Ecologia Profunda em suas pesquisas resgatando antigos processos em que a natureza era defendida por advogados, alertando possui os mesmos direitos que o homem. Quando o homem surgiu no planeta encontrou o universo em perfeita harmonia, dessa forma, a ecologia profunda procura fazer o homem entender que se alguém está colocando o sistema em risco é ele mesmo. Para complementar esse raciocínio da ecologia profunda, o físico Fritjof Capra aponta um novo paradigma baseado no ecocentrismo. Trata-se de uma relação de “rede”, a rede sistêmica da vida, onde todos são iguais diante da vida, não existindo hierarquias mais sim a igualdade, a responsabilidade comum pela preservação da vida. Surge assim, um novo modo de ver o mundo, que concebe o mundo como um todo integrado, holístico e ecológico. O termo “ecologia profunda” foi utilizado no início da década de 70 pelo filosofo Arne Naess, significando, hoje, um movimento mundial que está na raiz do ativismo radical de entidades como Greenpeace e Earth first. O pai da Ecologia Profunda Aldo Leopold vê o mundo como uma rede de fenômenos que estão interconectados e são interdependentes. Dessa forma, a natureza é sujeito da vida, não objeto. A grande questão é como mudar a visão antropocêntrica do mundo se não buscarmos uma consciência ética em nossos comportamentos?

Há dois caminhos a seguir para induzir um comportamento ético. O primeiro é a educação – não só no ambiente escolar, mas ao nível de cidadania. O segundo é a advertência – através de uma legislação rígida, coerente, pertinente, aplicável e funcional. A partir do séc. XVIII, o conceito de ético passa a ser visto como “a maior felicidade possível do maior número possível de homens”. Estudiosos e filósofos defendem o pressuposto ético como o único capaz de mover o comportamento humano para um estágio superior de relacionamento com o meio natural e com o próprio homem. A ética não apenas dita o comportamento do homem, mas traça caminhos para que o homem possa realizar-se na humanidade. Com a vida humana ameaçada na terra, a ecologia e a ética encontram-se diante de um imenso desafio: o que fazer para possibilitar a continuidade da vida sobre o planeta?

O professor de Ética e Teologia Moral, na pós-graduação da PUC- Rio, Antônio Moser propõe uma nova sociedade segundo um programa de quatro pontos: 1. Abandono da civilização do desperdício; 2. Mais justa distribuição dos recursos humanos; 3. Atenção central à produção de alimentos; 4. Ação global contra a miséria e a fome.

Se considerarmos estética como sinônimo do belo, não podemos assim avaliar como belo o desencontro do mundo moderno nos seus mais diferentes aspectos, seja o social, o econômico, o cultural ou qualquer outro. A aplicação do paradigma estético nos ajuda a transformar a realidade de acordo com os desejos humanos. De acordo com um graduando de filosofia - entrevistado pela equipe - não há disciplinas no curso que sejam voltadas para a área da ecologia, nem que a aborde a natureza de alguma forma. Ele completa que para a formação deles não há necessidade de ser inclusa tal disciplina, pois não faz falta para a sua formação.

Nesse trabalho nós graduandos do curso de ciências biológicas levantamos alguns pontos sobre a relação homem com a natureza. Acreditamos que a preservação da natureza deve ser praticada em função dela mesma e não do homem em si, através da aceitação do outro, do respeito e da revalorização da ética. Se tivermos uma formação ética adequada, poderemos consumir sem provocar a injustiça social e os direitos dos outros, e assim, proporcionar um mundo mais sustentável. Porém, essa visão ecológica sobre nosso comportamento não está inclusa no comportamento de todos, como vimos na entrevista com o graduando ao demonstrar sua indiferença sobre esse assunto. Isso nos revela que, devemos ter uma preocupação mais abrangente sobre como educar e conscientizar as pessoas, independente do nível de escolarização e tão pouco social, sobre os aspectos da ética na preservação do meio ambiente.

O presente ensaio foi baseado no artigo: de Pedro Celso Campos - Ecologia Humana O pressuposto da Ética na preservação do Meio Ambiente –. http://www.razonypalabra.org.mx/libros/libros/ecologiaetica.pdf

Sugestão de Vídeos

· O vídeo mostra uma conversa com Leonardo Boff sobre Ética e Ecologia, um desafio do século XXI.

http://www.youtube.com/watch?v=-TU9BmDbcZw


· Nesse vídeo Leonardo Boff mostra a importância da ecologia mental, a relação mais íntima do ser humano com a natureza.

http://www.youtube.com/watch?v=enEP1ZIEybs&feature=related

· Vídeo sobre o Earth Day para darmos uma mão ao planeta.

http://www.youtube.com/watch?v=Ep9MFiWXR8M


· O vídeo aborda as mudanças feitas no planeta.

http://www.youtube.com/watch?v=qd11vBPiVh0


· O vídeo aborda sobre a ecologia profunda, onde a natureza é vista como sujeito e não como objeto:

http://www.youtube.com/watch?v=UCzqhfppKYo&NR=1


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